domingo, 21 de fevereiro de 2010

Avatar e a Aracruz Celulose

O celebrado filme de James Cameron, apesar de não ter cem por cento de originalidade em seu ótimo roteiro, causa impacto por algumas particularidades. O cenário de Avatar, com suas florestas monumentais que tornam-se fluorescente à noite, nos faz pensar em como seria nossa Terra se o homo sapiens não tivesse cagado praticamente tudo. Os Na’Vi com suas tranças, um cabo de “minhocas” que se conectam diretamente aos outros seres vivos e tão altos e hábeis e inteligentes em sua relação com o planeta deles, Pandora. Que por sua extrema beleza, apesar de toda dificuldade, deve ser um bom lugar pra se viver. A exceção é exatamente uma mina de não sei o quê que vale não sei quantos milhões o quilo explorada pelos homo sapiens, esses malditos.
Uma das cenas mais emocionantes do filme é a derrubada da árvore sagrada dos Na’Vi. Cena triste, chocante, que nos faz pensar como o homo sapiens se julga superior, até com seres semelhantes seus. O objetivo, lógico, tinha alguma relação com o deus maior dos homo sapiens, o dinheiro.
Curiosamente essa cena me fez lembrar de um fato ocorrido aqui mesmo no fim do mundo, digo, no Espírito Santo, e que me foi relatado por um amigo: a transnacional Aracruz Celulose havia plantado, na década de 70, eucaliptos sobre um cemitério de escravos. Lugar santo e sagrado, morada eterna dos principais nomes da resistência negra no estado. O lugar foi reocupado pelos quilombolas em 2006 (vídeo em http://www.anarkopagina.org/noticias/CemiteriodeNegraos.html.)
Fez-me lembrar também dos trabalhos da Polícia Federal contra os índios em favor dos interesses da transnacional: As aldeias de Comboios e Olho D’ Água, as primeiras reconstruídas na auto-demarcação, foram destruídas na ação da Polícia Federal em 10/01/06, quando 120 homens muito bem armados atacaram covardemente os índios. A ação foi realizada de forma totalmente irregular: nenhum cacique foi notificado; a FUNAI não foi avisada; o mandato de reintegração de posse se referia a outra área que não a das aldeias destruídas; os policiais estavam alojados na Casa de Hóspedes da Aracruz Celulose (onde a multinacional recebe seus amigos) e, para destruição das casas, foram usados tratores da empresa. A aldeia Olho D’ Água foi incendiada. O batalhão de choque do Comando de Operações Táticas (COT) de Brasília atirou com balas de verdade revestidas de borracha; algumas perfuraram e ficaram alojadas no corpo dos indígenas. Estes, após início do tiroteio, tiveram que correr para o meio dos eucaliptais. Como se não bastasse, foram perseguidos por um helicóptero equipado com metralhadora. Vilmar de Oliveira, presidente da Associação indígena Tupinikim e Guarani, que foi atingido no queixo e no pescoço, declarou em meio à tristeza e humilhação: “Fomos atacados de surpresa, covardemente, uma traição. Eles pediram que a gente agisse dentro da lei para que eles pudesses agir fora dela” (http://www.inventati.org/brigada/acoes.html)

Entendi porque não encontrei originalidade no roteiro do filme, afinal já o havia visto antes. Só que na vida real. 

O filme já foi visto por milhares de pessoas.
Os fatos não foram divulgados na imprensa local.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Cansada de religião na escola.

Não suporto mais ver as questões religiosas invadindo todos os espaços como se fossem mato depois de um período de chuvas. Para o inferno com esse malditos que acham que tudo se resume aos dogmas de suas igrejas, que os idiotas defendem como se fossem verdade única e absoluta. Estou cansada de ver o pai-nosso rezado na escola antes do início das aulas, tão desinteressadamente pelos alunos que chega a ser constrangedor. Eles fingem rezar, mas na hora em que alguém esbarrar neles, eles estarão prontos pra porrada e baterão sem a piedade cristã. Ainda pior é ver a pessoa que orienta a oração tratar os alunos na base do grito, sem a menor educação e amor pelo próximo. Para o inferno com suas orações hipócritas.

A escola é laica, no entanto vemos a valorização de uma corrente religiosa, o cristianismo, em detrimento de todas as outras. Não há liberdade religiosa, há sim uma grande manipulação de cabeças pouco pensantes que absorvem o cristianismo como única religião possível. Enquanto isso vou vendo diretores, pedagogos e professores "puxando a sardinha" para suas respectivas religiões. À propósito, os cristãos não se entendem entre eles próprios vide o embate igreja católica X igreja universal (ou se preferiram Globo X Record). Imaginem uma diretora escolar umbandista antes de iniciar as aulas "queridos alunos vamos iniciar nosso dia com uma saudação ao orixá que abre os caminhos de qualquer trabalho - Laroê Exu". Coitada, seria queimada em praça pública.

Cansei desta merda! Quero o direito de não ter que colocar deus em tudo o que faço sem que ninguém me olhe atravessado. Quero o direito de não ter que aceitar a religião dos pais influenciando na vida escolar dos filhos. Quero que a escola se torne o que deveria ser: um espaço de formação de pensadores e não um espaço de formação de alienados que dizem amém a tudo, como são as igrejas.

"Duvidar de tudo ou acreditar em tudo são duas soluções igualmente cômodas : Ambas nos dispensam do trabalho de pensar. "
Jules Henri Poincare - Físico e Matemático Francês.

Obs.: já refletiram sobre a imagem de Cristo como o pastor das ovelhinhas (os cristãos)????